Essas empresas voltaram a ser vistas como “de risco” por alguns profissionais, e o desafio é como atrair talentos para startups novamente
Depois de um ciclo de demissões visto em algumas startups em 2022, algumas delas com o título de unicórnio — avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais, portanto —, o desafio, hoje, é convencer o talento que saiu de startup a voltar para startup. Essa é uma das percepções do investidor Matheus Schettini, da Upload Ventures, sobre o atual cenário quando se fala de talentos em tecnologia.
Schettini participou, no final de 2022, de um evento organizado pela UNI.CO na sede do Google, em São Paulo, que discutiu os desafios da área de tech talents no Brasil. Com a presença de CTOs de startups e representantes de fundos de venture capital, a rica conversa agora se desdobra aqui no blog em uma série de artigos sobre o tema.
O primeiro deles trouxe uma entrevista com Gleicon Moraes, CTO da Loggi. O executivo falou sobre a disputa por talentos com empresas do exterior, que pagam salários em moeda forte, como o mercado está lidando com o “multi-working” e a importância da cultura para reter e engajar.
Agora, neste novo artigo, Schettini contextualiza o cenário atual, e como as startups estão lidando com os desafios da atração e retenção de talentos em tecnologia.
A sócia da UNI.CO Victoria Travaglini, que também esteve no evento no Google, tem a mesma percepção de Schettini, e diz que o movimento de layoffs nas startups ocorrido em 2022 deixou as pessoas mais criteriosas ao avaliar novas propostas de emprego nesse tipo de empresa. “Os profissionais questionam sobre a saúde financeira da startup, a possibilidades de novos aportes e quem são os fundos que estão por trás dessas empresas”, diz a headhunter.
Vale lembrar que a UNI.CO pode ajudar a sua startup a encontrar os melhores tech talents. Conte com a gente para isso!
Abaixo, trechos da conversa com Schettini.
Talentos em tecnologia: cenário atual
Os anos de 2020 e 2021 foram uma época de mega rodadas de investimentos, e era praticamente impossível as startups terem um pipeline sólido de contratação de talentos dada a alta competição. A grande maioria estava bem capitalizada e contratando talentos tech, o que encareceu muito o mercado.
Em paralelo, o Brasil ainda não forma tantos talentos em tecnologia como nações quanto Índia e China. Durante o último ciclo, muitos líderes de startups ficaram com receio de não possuir gente o suficiente quando precisassem. O mercado como um todo não soube dizer até quando os salários continuariam a crescer e o quão difícil seria preencher posições no futuro. Então, gestores acabaram contratando 10 desenvolvedores ao invés de 3. A incerteza em relação a essa competição por talento fez com que startups contratassem em uma velocidade mais rápida que o ideal.
Agora, estamos em um novo ciclo. As startups estão corrigindo essa rota e existe mais talento disponível no mercado hoje. A dificuldade agora é como convencer o talento que saiu de startup a voltar para startup, após as demissões do último ano, que fizeram as startups voltarem a ser vistas como algo arriscado.
Desafios para engajar os tech talents
Outro desafio das startups é o engajamento, no sentido de garantir que o time entregue o roadmap da maneira adequada. Quando esses profissionais têm vários projetos paralelos, o que se tornou viável com a união de políticas de home office com a crise instaurada pela pandemia, o roadmap e as entregas acabam sofrendo.
Dificilmente as relações de trabalho vão voltar a ser como eram antes da pandemia. Hoje, nos Estados Unidos, se fala muito em renda dupla: a pessoa tem um emprego formal e também empreende em um marketplace, por exemplo. As startups estão aprendendo a lidar com esse multi-working e em como fazer o trabalhar híbrido gerar senso de comprometimento. Difícil acreditar que o presencial vai voltar 100%.
A importância do pilar de talentos na decisão de investimento de um fundo
O pilar de talentos sempre teve um peso relevante para tomada de decisão de um fundo em investir ou não em uma startup. Isso nunca foi tão importante quanto hoje. Quando a empresa tem bons talentos, ela consegue manobrar o navio de acordo com o mar e o vento. Eles garantem a adaptação, por isso o talento é muito importante, inclusive no mercado de baixa, porque as pessoas que ficam possuem a missão de reescrever o business.
Fundos investem em empresas que não tenham um tech lead (CTO)?
Os fundos até investem em empresa que não têm um CTO ou tech lead, mas com o compromisso de ele ser contratado em um futuro próximo. É raro, porque o tech lead serve também para atrair e reter os talentos de tecnologia. Esse profissional não necessariamente vem para escrever o código inicial, mas ele garante que será construído com qualidade.
De que forma o fundo apoia as startups no pilar de talentos?
O papel do bom fundo é ajudar a startup a contratar bem, mas sempre sabendo que a decisão final é dos fundadores. A Upload Ventures, por exemplo, conta com uma profissional que ajuda as investidas a recrutarem para o C-level, a entrevistarem líderes de área, ajuda a desenhar o organograma, e estreita os contatos com agências de recrutamento. Em uma visão de suporte ao portfolio, idealmente um fundo dedica metade do tempo para talentos, 25% para vendas e 25% para produtos.
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