O trabalho remoto imposto pela pandemia ainda é uma realidade em muitas empresas brasileiras. Algumas organizações já anunciaram os planos de retorno ao escritório, mas o que se vê é uma tendência de escolha pelo modelo híbrido – parte presencial e parte a distância.
Uma nova pesquisa, realizada pela It’sSeg, corretora de seguros especializada em gestão de benefícios, com 81 empresas de diferentes setores no Brasil, mostrou que 82% delas planejam atuar no modelo híbrido.
Dessa forma, o remoto deve continuar de alguma maneira.
É um formato que traz benefícios, sem dúvida, principalmente em relação a economia de tempo (já que não há mais o deslocamento casa-escritório) e concentração (pois também desaparecem as interrupções cotidianas de qualquer ambiente de trabalho). Mas é um modelo que tem desafios.
“O trabalho remoto é bom para trazer foco no dia a dia, mas a gente perde na questão da sensibilidade, captada no olhar. Fica mais difícil saber se as pessoas da sua equipe estão bem”, comenta a psicóloga Camila Erika Arita, head de gente da iClinic, uma empresa do Grupo Afya. “Como gestor, é importante estar perto, não para microgerenciar, pois acredito que é preciso trabalhar no modelo de confiança, mas pela sensibilidade. Esse é um dos maiores desafios do remoto, estar próximo mesmo que distante fisicamente.”
Modelo híbrido requer atenção
Outro ponto que teve perdas com o trabalho a distância, segundo Camila, é a integração de equipes. “No remoto, as pessoas ficam mais em cilos, dentro do seu próprio time, não tem mais o cafezinho no corredor e se perde muito por isso”, diz. “Não conseguimos criar um modelo que resolva. A gente até marca reunião para isso, mas perdemos a informalidade.”
Com a adoção do modelo híbrido, Camila ressalta um ponto de atenção, dizendo que as reuniões e integrações passarão por um novo desafio. “As decisões precisam incluir as pessoas que estão no remoto. Geraria conflitos se algo for discutido no corredor, só por quem está no presencial, e ali se toma uma decisão. Será necessário ter o dobro do cuidado.”
Max Braga, head de engajamento do cliente da Kavak no Brasil, entende que no contexto atual da empresa, o modelo híbrido é o que faz mais sentido. “Ter momentos com o time ajuda em alinhamento e aprendizado coletivo”, explica. “É bacana ter esse ponto de contato.”
A Kavak tem hoje cerca de 500 colaboradores e deve chegar a mil até o fim do ano. É um desafio transmitir a cultura corporativa nessa velocidade de crescimento.
A solução, conta Braga, tem sido, além de acompanhar de perto a eficiência das equipes com métricas, abordar temas da cultura e “reforçar o credo”. “É importante ter isso na rotina, e rotinas coletivas para tomadas de decisão. A gente cuida muito do onboarding, um dia imerso na cultura, para entender o negócio e o propósito. E, depois, o time de liderança tem a missão de reforçar esses pontos.”
A equipe de Braga tem hoje 30 pessoas e está no modelo híbrido. Dois dias por semana eles se reúnem para discutir alguns pontos. “Já desenvolvemos formatos de reportes a distância, para acompanhar os progressos. Isso é bem importante na gestão de times híbridos, ter ferramentas que ajudam a fazer a gestão remota”, comenta. “Algo que o trabalho remoto nos ensinou é que as pessoas podem ser produtivas nesse formato híbrido, porque o tempo de deslocamento é poupado, mas exige disciplina maior em relação a documentação de decisões, acompanhamento de indicadores e gestão de projetos, porque se perde o boca a boca do escritório.”
A UNI.CO vem auxiliando empresas de todos os portes a montar suas equipes, seja atuando em modelo totalmente remoto, híbrido ou presencial. A definição do perfil mais adequado é o primeiro passo para o recrutamento preciso.