A palavra aliado vem do latim alligo, – are, ligar, prender, apertar, reter, obrigar. Academicamente, o termo é utilizado para identificar um grupo de pessoas que une esforços a um objetivo comum. Todos nós podemos ser aliados um dos outros, pois de diversas maneiras, há sempre alguém menos privilegiado.
Mas tornar-se um bom aliado, sob a ótica de diversidade e inclusão, começa com a compreensão de como você pode ter privilégios sobre outros grupos e, em seguida, usar isso para apoiar e desenvolver outras pessoas. Compreender e reconhecer privilégios pode ser uma tarefa assustadora e desconfortável. Ter conversas desconfortáveis consigo mesmo, entender as questões sistemáticas e sociais que podem ter jogado a seu favor é abrir os olhos para permitir que você use esse privilégio para amplificar aqueles que não o têm.
Portanto, ser um verdadeiro aliado não significa apenas não ser preconceituoso (racista, machista, lgbtfóbico, xenofóbico, capacitista, etarista, etc) e sim se posicionar intencionalmente, usando seu próprio privilégio em prol do outro, desde situações extremamente desconfortáveis até às microagressões diárias, que muitas vezes passam veladas. Ser um aliado representa ter uma mentalidade de crescimento (growth mindset), estar disposto a ouvir, errar, aprender, desaprender, reaprender, adaptar seu pensamento e melhorar. É preciso sair da zona de conforto (ou do medo) para transformar isso em uma ação empática e intencional.
Uma comunidade de aliados potencializa políticas de diversidade e inclusão
Não existem políticas de diversidade e inclusão que possam ser bem sucedidas sem o engajamento dos aliados. Um aliado pode ser extremamente poderoso e fazer a diferença na vida de alguém, mas imagine o poder de uma comunidade de aliados. Se um grande grupo de pessoas pode se unir para amplificar as vozes de outras pessoas e criar um ambiente melhor para todos, é aí que podemos começar a ver progressos tangíveis na igualdade. As alianças são um processo, uma jornada, e devem ser baseados na construção de relacionamentos embasados na confiança, consistência e responsabilidade.
Portanto, se você não sabe como pode se tornar um aliado, comece buscando informação (a internet é uma fonte inesgotável de conhecimento), leia sobre o assunto quando alguma situação de preconceito acontecer na sua vida ou no mundo (diariamente as notícias nos colocam em contato com eventos racistas, sexistas, xenofóbicos…), se desconstrua e reflita sobre aquela piada ou expressão que você cresceu ouvindo mas que fere alguém ou algum grupo.
Não tenha medo de ser o “chato politicamente correto”, seja curioso, crítico, empático, se transforme a cada nova oportunidade, se aproxime e conviva mais com as pessoas de grupos diferentes do seu, pratique sua escuta ativa, gere reflexões internas e as externalize, exerça sua influência positiva para a mudança também acontecer com as pessoas que estão no seu entorno (amigos, familiares, colegas de trabalho…) quando eles reproduzirem comportamentos e comentários que você não concorda. Todos estamos em uma jornada de aprendizado, a mudança não ocorrerá repentinamente, mas precisa ser intencional e genuína.
Seja um aliado
Diversas empresas estão provando o valor incontestável que uma cultura de inclusão e diversidade proporciona para os seus funcionários e para o negócio e o quanto a participação dos aliados é fundamental nessa jornada. Para inspirar, deixo aqui os principais objetivos que a Microsoft determinou em seu programa (muito bem estruturado) de aliados para seus funcionários:
- Neutralizar o preconceito inconsciente, praticando a consciência deliberada;
- Diminuir a velocidade, suspender o julgamento e reservar um tempo para processar as informações;
- Exercitar a curiosidade, fazer boas perguntas e ouvir com atenção;
- Separar o comportamento da pessoa e concentrar-se no impacto da ação nos outros;
- Ver nossos próprios erros como um convite para aprender, em vez de uma ocasião para ficar na defensiva;
- Falar com nossa própria voz, não em nome de outra pessoa.
Palavras sem ações são prejudiciais e trabalham contra a mudança da cultura. Para qual comentário, situação ou atitude preconceituosa você não vai virar as costas hoje? Se levantar contra o preconceito não deveria mais ser uma escolha!
— Jaqueline Mandelli
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