Com diversas transformações ao longo dos séculos, a indústria da música viu mais uma mudança extraordinária na última década com o lançamento do Spotify, streaming que impactou a vida dos artistas e de todo o mercado da música. Eu considero a criação do streaming uma história inspiradora para quem quer entrar no mundo do empreendedorismo e resolvi trazer esse tema para o meu novo artigo.
A ascensão do Spotify e o caminho para o sucesso no empreendedorismo
A minissérie “O Som na Faixa”, da Netflix, conta a história do Spotify por um viés ficcional através de uma abordagem bem interessante a respeito da criação do streaming que revolucionou a música nos últimos anos.
A criação da plataforma surgiu da união dos suecos Daniel Ek e Martin Lorentzon, fundador e co-fundador, que desejavam democratizar a música e oferecer ao ouvinte a possibilidade de escutar canções de forma gratuita e ajudar a diminuir a pirataria, atuando como uma resposta ao Pirate Bay especialmente, também de origem sueca.
Apesar de momentos controversos, principalmente em relação ao valor pago a artistas, o sucesso do streaming que apresentou alta de 12,7% no mercado de ações em janeiro, avanço anual de 20,4% de usuários ativos e valor de mercado de US$26,05 bilhões é realmente impressionante. Mas o que realmente me chama a atenção e que ficou bem claro na série, é o quanto as lições de empreendedorismo são surpreendentes, como irei comentar a seguir.
Uma abordagem diferente e melhor do que a concorrência
Não é novidade que encontrar um nicho e uma solução para o principal problema de um setor é o primeiro passo em direção ao sucesso do empreendedorismo. E foi assim que o Spotify conseguiu estabelecer um plano de negócios e implementar a ideia de criar um streaming de música.
Ao perceber as dificuldades da indústria fonográfica e a limitação dos ouvintes em ouvir músicas no computador, o streaming já tinha um nicho a ser explorado, ao mesmo tempo que tinha uma ideia até então não implementada com sucesso por concorrentes.
A Pandora, por exemplo, oferecia um número determinado de horas gratuitas por mês aos ouvintes, mas não permitia a escolha das músicas.
Já o Rhapsody cobrava US$10 por mês pelo acesso à audição e os usuários podiam escolher as músicas e criar listas de reprodução, entretanto, a cobrança impactou o número de ouvintes e somente os apaixonados por música foram atraídos para o serviço.
Por sua vez, o Spotify soube trabalhar uma vantagem competitiva e criar um streaming que oferecia opções para os mais diversos tipos de ouvintes e sem cobrança inicial. A minissérie mostra como Daniel Ek trabalhou incansavelmente para criar um aplicativo para revolucionar a internet, mas acabou criando uma plataforma de valor inestimável para os usuários.
Não importa se a ideia é original ou não, mas se ela atende ao desejo do usuário e se tem como ser implementada. Em outras palavras, o streaming sueco soube solucionar o problema dos usuários dentro de um nicho já existente, mas com potencial ainda não explorado.
Assim, a limitação de músicas, a cobrança pela audição e até o crescimento de streaming ilegais foram os problemas que as concorrentes não souberam resolver, mas o Spotify, sim, ainda que precisasse lidar com a insatisfação dos músicos que se sentem “roubados” pelo streaming, o que é totalmente compreensível.
Estabelecimento do negócio para depois escalar
O sonho de todas as marcas é se lançar no mercado e logo crescer, mas o sucesso não acontece de um dia para o outro e leva tempo. Se firmar no mercado e tornar o modelo de negócios sustentável é essencial para que os negócios prosperem.
Como o Spotify foi criado na Suécia, se estabelecer localmente antes de buscar o mercado global foi uma decisão acertada da marca. Esse é um fato que muitas empresas acabam ignorando e batendo de frente com um enorme problema. Afinal, elas mal se estabelecem no mercado e tentam alçar voos antes de conhecer a fundo os interesses e necessidades dos usuários para criar uma estratégia eficaz para atrair o público-alvo.
Foi depois de se estabelecer na Suécia que o Spotify buscou a expansão e realizou uma parceria com o executivo da Sony para se lançar em 2011 nos Estados Unidos, o maior mercado fonográfico do mundo.
Mais uma vez é possível perceber a visão estratégica de Daniel Ek, que aproveitou tanto a batalha que a gravadora travava contra a pirataria no país de origem, como o apoio para a criação de um serviço de streaming que não violasse os direitos autorais.
Essa é apenas a ponta do iceberg sobre um caso que não só revolucionou o mercado de streaming, como também revolucionou a indústria musical. Para não dar um spoiler maior para você, recomendo que coloque “O Som na Faixa” na sua lista imediatamente. Se você deseja entrar no mundo do empreendedorismo, o Spotify é um case de sucesso que pode inspirar os seus negócios e te ensinar boas lições.
— Por Ernesto Schlesinger
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