Políticas e processos bem estruturados permitem realizar transformação cultural e de estratégia de forma sustentável
Pequenas e médias empresas, principalmente as de controle familiar, precisam se atentar às práticas de governança corporativa quando desejam crescer, alcançar um novo patamar e acessar o mercado de capitais. “Se torna absolutamente imprescindível”, afirma Patricia Bentes, presidente do conselho de administração da Companhia Melhoramentos de São Paulo, uma companhia de capital aberto e controle familiar, e também conselheira independente da Naturgy, da Light e membro do comitê de governança e de pessoas da Via Varejo (dona das Casas Bahia e Ponto Frio).
Mas, afinal, a governança corporativa – hoje muito comentada em função da agenda ESG presente em boa parte do noticiário corporativo – é acessível aos pequenos e médios negócios? A resposta é sim.
Como explica Patricia, a governança é um “conjunto de processos, regras e políticas que permitem à empresa operar no automático, no sentido de não precisar de um olhar do dono tão na beira do balcão. Quando a empresa está bem estruturada em regras, políticas, conduta e controles, com transparência, consegue profissionalizar a gestão e ganhar vida própria sem um controle próximo e engessado”.
Andrea Leonel, presidente do conselho do Banco da Amazônia e conselheira independente na CIP – Câmara Interbancária de Pagamentos e CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, também compartilha a opinião de que governança é, sim, para empresas de menor porte. “Nas empresas médias e pequenas, o conceito de dono é predominante e intrínseco na condução do negócio, e isso torna o processo de transformação, seja da gestão, da cultura e estratégia mais difícil, até porque, normalmente, esses conselhos são formados por membros da família”, diz. “Trazer conselheiros de fora é trazer quem questione o ‘status quo’, e por essa via surgem caminhos alternativos de construção de governança que sustentarão essa transformação.”
Um dos caminhos possíveis, segundo Andrea, é formar, primeiro, um conselho consultivo antes de se criar o conselho de administração. “Selecionar habilidades e experiências distintas, formar comitês de assessoramento ao conselho, trabalhar normas e políticas que definam o comportamento organizacional, os riscos e controles, assim como valores, transparência e compromisso com a ética é trabalhar a governança, é mirar a continuidade e sustentabilidade dessa empresa. A governança fixa as bases para a empresa caminhar em seu processo de transformação e de profissionalização”, afirma a conselheira, indo mais longe ainda. “Empresas que vão fazer IPO [abertura de capital] não o farão sem um processo de governança robusto e estruturado, porque é isso que o investidor e os reguladores exigem.”
Diversidade dos conselhos ajuda a enfrentar desafios complexos
A UNI.CO Recruitment Company, especializada em recrutamento executivo, vem apoiando as pequenas e médias empresas em fase de crescimento e/ou profissionalização na composição de quadros executivos e conselhos. E uma das premissas da consultoria é prezar pela diversidade na formação dos colegiados.
“Temos observado que muitas empresas buscam compor um conselho consultivo formado por especialistas de áreas diversas e complementares ao negócio-chave. Muitos deles são ex-C-Levels e diretores de companhias de grande porte que são referência em seus respectivos setores. São profissionais que trazem uma ampla bagagem profissional e ferramental de melhores práticas e estratégias, além de uma importante rede de contatos, passando assim a evoluir para um conselho que, ao mesmo tempo que ajuda a empresa a tomar as melhores decisões, também traz sugestões que podem ser implementadas pelo management”, comenta Roberto Borsic, sócio da UNI.CO, que desde 2016 atua no recrutamento de C-Levels e diretores no Brasil. “Temos visto isso acontecer principalmente em empresas investidas por fundos de private equity ou grandes venture capitals, onde também encontramos a figura do conselheiro acionista (investidor ou membro da família), que zela pelo crescimento da companhia e perpetuidade dos negócios.”
Andrea, que assim como Patricia, é uma das poucas mulheres a presidir um conselho de administração no Brasil, também defende a diversidade nos “boards”. “Me sinto privilegiada por essa oportunidade e sinto que tenho o dever de apoiar mais mulheres a passarem por essas portas”, diz. No Banco da Amazônia ela apoia e promove programas que incentivam as executivas para que alcancem cargos na alta liderança. Ela também faz parte do grupo WCD – Women Corporate Directors, que atua no fomento da diversidade em conselhos de administração. Andrea desenvolveu o Programa de Mentoria para Líderes, que é oferecido às empresas e que alinha os objetivos de D&I dessas com a premissa de que cargos de liderança são, sim, um caminho e uma realidade para todas, e que somente com mais mulheres conscientes e preparadas para essa jornada um dia não mais será preciso falar de diversidade de gênero no mundo corporativo. “Quem chegou lá tem a obrigação de puxar quem quer chegar”, diz.
Para ela, a diversidade – não só de gênero, mas também de formas de experiências, cultura, raça e tantas outras – compõe uma pluralidade que leva aos conselhos a oportunidade de pensar “fora da caixa”. “O conselho precisa olhar para frente e estrategicamente pensar como a empresa se transformará e em que mundo estará, quais serão os desafios, as dificuldades e em qual modelo de negócio se sustentará. Não é pensando sempre da mesma forma que você vai responder a essas perguntas.”
Patricia também acredita que a diversidade nos conselhos traz melhores resultados. “A diversidade de experiências é importante, assim como a de formações. Não acho que temos que focar apenas em gênero. O mercado é volátil, há os desafios da tecnologia, as pessoas precisam pensar de vários ângulos. Quem tem um conselho com membros parecidos perde essa visão diversa para enfrentar os desafios de forma mais criativa”, afirma. “A temática do gênero aparece porque o caminho de vida pessoal e profissional trilhado pela mulher tende a ser diferente normalmente. Mas diversidade de gênero não deve ser a única via para atingir a diversidade de percepções. Nacionalidade, faixa etária e etnia também são importantes.”
A UNI.CO é uma consultoria de recrutamento executivo que alia entendimento estratégico de negócios com trato humano, com respeito e interesse genuíno pela individualidade das pessoas. São mais de 25 anos de experiência combinada entre seus três sócios, ajudando empresas de todos os tamanhos que buscam se transformar contratando profissionais de altíssima performance.
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