Líder X chefe: quem já viu o premiado filme espanhol “O Bom Patrão” sabe tudo aquilo que um bom líder NÃO deve fazer. É que o longa expõe a ganância corporativa e o narcisismo profissional, levantando questões importantes sobre o comportamento de um líder no ambiente de trabalho. Aqui apresento algumas lições valiosas do filme.
O filme espanhol “O Bom Patrão” não foi premiado em 2022 à toa, com mais de 10 troféus levantados! Afinal, ele é a representação de tudo aquilo que um líder não deve ser no ambiente de trabalho.
Escrito e dirigido por Fernando León de Aranoa, o longa retrata a história de Julio Blanco (interpretado por Javier Bardem), um chefe carismático que se preocupa mais com seus próprios interesses do que com o bem-estar de seus colaboradores.
Líder X chefe: como “O Bom Patrão” conta essa história
Apesar da claquete bater com Blanco dando um discurso comovente, apresentando a empresa como uma grande família, sua busca por um prêmio prestigioso e a chegada de um ex-funcionário demitido, acompanhado de seus filhos, revelam sua verdadeira natureza e a trama líder X chefe já fica clara.
Ao longo do filme, Blanco se envolve nos problemas pessoais do seu time, não por um cuidado genuíno, mas para garantir que seu desempenho no trabalho não seja afetado. Isso reflete a realidade do mundo corporativo, onde discursos vazios de trabalho em equipe frequentemente escondem a falta de preocupação com o bem-estar dos profissionais, a menos que os lucros estejam ameaçados.
Apesar da obra de León de Aranoa ser elogiada como uma sátira corporativa, também funciona como um retrato realista da dicotomia líder X chefe, mostrando como é trabalhar para um chefe indiferente. Com isso, o filme lança um olhar crítico sobre as relações de poder no ambiente de trabalho, se tornando um triunfo para o diretor e uma reflexão sobre a realidade corporativa contemporânea.
Pegando o personagem Blanco como case de estudo, vamos à análise de tudo aquilo que um bom líder nunca deve fazer?
Para ser, de fato, “O Bom Patrão” devemos evitar:
O filme expõe os sistemas de hierarquias, a ganância corporativa e o narcisismo profissional. Pensando nisso, destaco tudo aquilo que o longa nos ensina que um bom líder não deve fazer:
- Discursos inspiradores sem cuidado genuíno: um bom líder não deve fazer discursos inspiradores sem um verdadeiro cuidado com seus colaboradores. O patrão retratado no filme usa palavras motivadoras, mas não hesita em demitir ou manipular sua equipe conforme sua conveniência.
- Falta de empatia e compaixão: Blanco não demonstra empatia nem compaixão pelo seu time. Ele explora um colaborador idoso, o obriga a trabalhar em sua casa aos domingos e trata uma estagiária de forma inadequada.
- Priorizar o ganho pessoal sobre o bem-estar dos colaboradores: o personagem principal está obcecado com a conquista de um prêmio importante para sua empresa e coloca seus interesses pessoais acima do bem-estar dos funcionários. Ele está disposto a mentir, interferir e fazer qualquer coisa para atingir a “excelência”.
- Comportamento antiético: Blanco não hesita em mentir, interferir nos problemas pessoais de sua equipe e tomar ações antiéticas em nome do sucesso da companhia.
- Falta de integridade e profissionalismo: no filme, o “bom patrão” mostra uma falta de integridade e profissionalismo ao manipular e explorar seus colaboradores, além de assediar uma estagiária.
Esses aspectos destacam comportamentos que devem ser evitados para ser visto como um bom líder. E é justamente isso que o longa quis ressaltar. Ele retrata o anti-herói, um chefe de uma empresa que trata seus colaboradores como família, mas, por trás da fachada, a máscara de bom moço cai.
A narrativa, que oscila entre cenas cômicas bobas e subtramas mais sinistras, não é sutil em sua mensagem sobre a falta de ética do protagonista. Por isso, “O Bom Patrão” foi considerado o expositor da hipocrisia de um sistema falso, hipócrita e vazio.
— Por Ernesto Schlesinger
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