Preparei esse artigo para revelar o que podemos aprender com esse clássico cult e entender a jornada dos personagens fictícios como nossa própria busca por propósito profissional.
O filme “Office Space”, em sua versão brasileira “Como Enlouquecer Seu Chefe”, chegou ao público no início de 1999 com sucesso moderado.
Mas anos mais tarde, a obra se tornou um grande clássico do cinema contemporâneo. E eu tenho algumas explicações para justificar esse boom na posteridade.
Em primeiro lugar, a audiência atual consegue se identificar com os personagens, especialmente quando o assunto é trabalho.
Joanna, interpretada por Jennifer Aniston, dispara uma frase que marcou muitos profissionais: “a maioria das pessoas não gosta de seus trabalhos”. Tal fala evidencia que o intuito do filme é retratar que a falta de equilíbrio entre relações profissionais e pessoais, bem como a ausência de liderança e de planos de carreira, são fatores que pesam no desempenho diário dos colaboradores.
Estamos distantes dessa ficção ou nos aproximamos ainda mais dela? Vamos analisar.
As 40 milhões de pessoas que pediram demissão nos Estados Unidos durante o movimento chamado de “Great Resignation”, no final do ano passado, provam que estamos mais próximos do plano narrativo de “Office Space” do que no início do milênio, quando a película foi lançada.
Sendo assim, preparei esse artigo para revelar o que podemos aprender com esse clássico cult e entender a jornada dos personagens fictícios como nossa própria busca por propósito profissional.
Vamos lá?
O legado da obra
O filme, escrito e dirigido por Mike Judge, nos coloca diante de Peter Gibbons, um jovem engenheiro de software que trabalha na corporação fictícia Initech. Ele acredita que possui um salário insuficiente, além das constantes humilhações que sofre nas mãos dos superiores. O personagem é completamente infeliz, e a parte mais interessante é que essa frustração é resultado de condições precárias de trabalho.
Mesmo depois de mais de 20 anos após o lançamento dessa obra ficcional, conseguimos reconhecer que Peter é o retrato real de muitas pessoas. O diretor faz questão de construir ambientes de trabalho de forma muito realista: líderes incapazes, burocracia excessiva e desanimadora, eventos corporativos forçados, rotina de trabalho tediosa e repetitiva, além das tradições corporativas insignificantes.
Todas essas situações afetam diretamente a produtividade dos personagens, especialmente quando assistimos o protagonista, Peter. Com o tempo, ele começa a chegar atrasado, a desafiar lideranças e a não executar funções em busca de algo que o fizesse sair da rotina.
Surpreendentemente, o comportamento disruptivo de Peter o levou a uma promoção. No mundo real, pouco depois do lançamento do filme, os ambientes de trabalho começaram a se transformar de ambientes demasiadamente burocráticos para lugares que estimulassem a criatividade dos colaboradores, a exemplo das empresas de tecnologia do Silicon Valley, entre 2000 e 2015.
Mostrar que liberdade e flexibilidade são ingredientes fundamentais para a produtividade foi um dos legados de “Office Space”. O comportamento de Peter foi espelhado por grandes CEOs na época, como o próprio Mark Zuckerberg.
Outro legado evidente é o movimento atual Great Resignation. Se o colaborador se sente preso, sem planos de carreira, incentivos para se desenvolver nem propósito profissional e pessoal, sua partida é mais do que certa. As pessoas buscam mais do que um salário mensal em empresas.
Elas estão em busca de fazer a diferença no meio em que vivem.
Principais aprendizados
O cinema nos oferece excelentes leituras e interpretações de realidades. O modo como o mercado de trabalho foi retratado no filme trouxe muitos ensinamentos sobre o funcionamento de corporações e o propósito profissional dos colaboradores.
Por isso, decidi listar alguns dos aprendizados que adquiri ao assistir a obra — na época e na atualidade.
- O foco precisa estar em atividades que importam e aproximam você das metas;
- A liderança é vital para garantir times sincronizados e dispostos;
- A comunicação entre líderes e liderados precisa ser clara e constante;
- Problemas devem ser enfrentados, não evitados, pelos líderes;
- Cultura é muito mais do que organizar eventos e cumprir obrigações;
- Aproveitar o tempo livre para desconectar do trabalho é uma necessidade;
- Comportamento disruptivo pode sim ser o catalisador para novas oportunidades;
- Respeito, colaboração e dignidade são valores inegociáveis no local de trabalho;
- Valorizar ideias originais é o destaque que você precisa;
- Trabalhar com o que gosta é o caminho para a felicidade.
É impressionante que um filme feito há mais de 20 anos se relaciona tanto com a realidade.
Isso prova que o cinema é atemporal e um instrumento fundamental para entender o mundo que nos cerca.
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