“Muitas vezes não paramos para questionar a essência por detrás dos novos ciclos e acabamos por repeti-los“
Encerrar ciclos é uma expressão muito comum nas empresas. Ciclos de projetos, ciclos de mudança de escopo, ciclos de crescimento hierárquico, ciclos de entregas e resultados, ciclos de desenvolvimento. Parece que estamos sempre esperando algo se encerrar para então recomeçar. Às vezes no mesmo lugar, às vezes em um lugar diferente.
Os ciclos nos ajudam a contar uma história, uma narrativa aparentemente mais coerente por ter início, meio e fim. Ele nos ajuda a dar contornos claros ao que estamos fazendo e realizando. “Este final de ciclo eu não vou começar uma atividade nova, eu vou concentrar esforços em finalizar. Aí no próximo tudo será novo e diferente”. O novo fica em stand by, esperando o velho se esgotar. Mas será que ele chega a se encerrar? Ou será que estamos apenas parafraseando nossos ciclos? Dando novos nomes para aquilo que já existe. Colocando uma roupagem nova para parecer diferente. Mas será que é realmente novo e diferente?
Escuto com muita constância as expectativas (minhas) e de meus clientes sobre o tal novo ciclo. Uma nova posição, um novo desafio, uma nova liderança, uma nova equipe, uma nova empresa, um novo escopo. Escuto e acompanho. Observo a esperança crescente, o brilho que retorna, a animação que contagia. Mas lá no fundo, alguma coisa não se encaixa.
O que, na essência, você gostaria que fosse novo e diferente neste próximo ciclo?
Novos ciclos serão capazes de consertar o que o velho e atual não foi?
Observo o quão expectantes nos tornamos diante do novo e, muitas vezes, não paramos para questionar qual é a verdadeira mudança que precisamos. Por que o velho já não me atende? O que tem nesse novo que carrega em si tantas promessas? E, ainda mais importante, por que o novo será capaz de consertar o que o velho e atual não foi?
Muitas vezes não paramos para questionar a essência por detrás dos novos ciclos e acabamos por repeti-los. Falamos de encerrar e recomeçar, mas o que acabamos por fazer é reviver. Viver mais uma vez a mesma história, agora transvestida de nova narrativa. Passado um tempo a gente se dá conta que nada mudou. As expectativas se frustram e eu volto a culpar o ciclo velho-atual, delegando pro ciclo novo a milagrosa solução.
É claro que nem sempre é assim. Muitas vezes sim é, muitas outras não é. Há novos ciclos que de fato são novos. Quando velhos ciclos são vividos na sua integralidade, nossas necessidades são supridas e então elas mudam e abrimos espaço para novos ciclos reais. Ciclos que vêm não para corrigir, não para compensar, não para salvar. Ciclos que vêm para servir. Servir às novas possibilidades que nascem em mim.
Então, hoje eu te convido, sob a luz de um ano-ciclo que se encerra, a questionar, refletir e compreender a verdadeira essência do novo e do diferente que tanto almeja.
- Qual é o nome deste novo ciclo que eu espero?
- Quais necessidades estou depositando nele?
- Por que não pude atendê-las no velho-atual ciclo?
- Então, quais comportamentos, ideias, hábitos, pessoas, coisas, lugares… deixarei para trás para que o velho devidamente se encerre?
- Quais comportamentos, ideias, hábitos, pessoas, coisas, lugares… trarei para perto para que o novo se concretize?
Talvez eu descubra que não é de um novo ciclo que eu preciso, é de um novo-eu. Um novo-eu que assumirá a responsabilidade de construir ciclos reais, que não precisam de data para se encerrar. Porque quando se encerram, naturalmente se transformam.
Gracias,
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