Comecei minha carreira como headhunter há pouco mais de 8 anos, especificamente para o mercado financeiro. 2 anos depois, em 2015, tive a oportunidade de iniciar meus trabalhos com recrutamento de pessoas na área de tecnologia. Na época, era um mundo muito novo: as startups estavam começando a bombar no Brasil e muita inovação estava sendo implementada.
Desde o desenho do processo de atração de líderes de tecnologia em escala nacional até a contratação de boardmembers distribuídos pela América Latina, transitei por grandes oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, por vezes buscando referências e formas de aprender sozinha, mas em outras com grandes nomes referências no setor.
Depois de tanto tempo trabalhando com recrutamento em empresas de todos os portes, tive bastante contato com consultorias de executive search, o que me abriu os olhos para uma grande oportunidade: o recrutamento no mercado tech. Hoje, como sócia da UNI.CO Recruitment Company, sigo como advisor em duas startups, por ser apaixonada pelo ecossistema, mas venho à consultoria com o propósito de aprimorar a assertividade no processo de contratação de profissionais tão requeridos no mundo complexo e volátil em que vivemos.
Para o setor, a graduação em si não é o foco e tem cada dia menos relevância. Entretanto, cursos curtos, por exemplo com duração de 6 meses, muito técnicos e aprofundados são bem vistos e até mesmo considerados investimentos por parte das empresas contratantes, que muitas vezes destinam uma verba para a capacitação da equipe. Na minha opinião, o maior desafio dos profissionais de TI, que na maioria das vezes já nascem com um dom para a tecnologia, é manter-se atualizado, com participação em projetos, iniciativas e experiências inovadoras.
É exatamente aqui que encontramos os maiores obstáculos no recrutamento de profissionais tech: poucas pessoas estão, de fato, capacitadas e nem todas as empresas estão preparadas para a capacitação do profissional – no que diz respeito a tempo, dinheiro e técnica. Normalmente, já existe uma expectativa, do lado da companhia, de recrutar um profissional pronto para atuar independentemente, com muito conhecimento prévio. Porém, na maioria das vezes, estes profissionais curtem exatamente o momento da construção e do desenvolvimento recíprocos.
Além disso, o propósito da companhia é cada dia mais avaliado pelos candidatos. Assim, a empresa precisa se atentar aos seus valores para recrutar profissionais de acordo, pensando sempre em desenvolvê-los para que todos cresçam, aprendam e construam juntos. A tecnologia com a qual eles se relacionarão, sempre pensando no aprendizado e no desenvolvimento mútuos, também é considerada no momento de avaliação da vaga. São executivos que já sabem com que tipo de software, técnica e/ou engenharia querem trabalhar – ou aprender.
Não apenas o recrutador da consultoria (como eu e meus sócios), mas o recrutador interno também enfrenta grandes desafios. O processo de recrutamento tradicional não se encaixa no perfil de profissionais do mundo tech, que buscam algo mais ágil, direto, curto, inteligente e específico. Claro, não existe uma receita de bolo, mas acredito que estamos aprendendo diariamente, conforme temos mais e mais contato com candidatos.
Por serem profissionais muito requisitados em praticamente todo tipo de empresa hoje em dia, são muitas as oportunidades oferecidas a eles – o que deixa a escolha da vaga ainda mais criteriosa por parte do candidato. Assim, as empresas precisam realmente trabalhar no processo de recrutamento, nos benefícios oferecidos e na escuta ativa para acompanharem o desenvolvimento tecnológico.
Pensando em todas essas especificidades, traremos, em breve, uma UNI.CO mais tecnológica, mais digital e ainda mais humana. Porque no final, é sempre sobre pessoas.
– Victoria Travaglini