O enredo da série “Severance” (Ruptura) segue Marc, um colaborador da empresa fictícia Lumon Industries que atua no setor de biotecnologia. Por meio de um programa, chamado “Severence”, alguns colaboradores da corporação optam por separar as memórias da vida pessoal e profissional.
A partir dessa premissa, a história se desenrola, nos trazendo muitas percepções sobre o relacionamento com o trabalho, deixando algumas valiosas lições.
Como sempre eu digo – O cinema é uma verdadeira sala de aula.
Não importa o assunto, independente da complexidade, sempre podemos aprender algo com a ficção. Mesmo quando a obra se trata de uma distopia, é impossível não fazer algum tipo de associação com a nossa realidade.
Esse é o caso da série “Severance” (Ruptura), uma produção do serviço de streaming @Apple+ e que conta com a direção de Ben Stiller. A obra foi aclamada pela crítica e nomeada para 14 Emmys.
É sobre elas que irei discutir agora.
O quão distantes estamos da ficção?
Quem faz parte do programa “Severance” passa por um procedimento no qual um implante é colocado no cérebro, causando a separação entre a vida pessoal e profissional do indivíduo. A separação é tão intensa que não estamos falando de apenas personalidades, mas sim de pessoas diferentes que simplesmente não se conhecem.
Podemos estar distante dos implantes, mas às vezes, a dificuldade em separar as personas pessoais e profissionais é tão evidente quanto na distopia, abrindo espaço para a Síndrome de Burnout, exaustão mental e perda de produtividade.
Como mitigar os altos índices de Burnout no trabalho e a falta de engajamento?
A própria série, em uma maneira crítica, aponta alguns caminhos a serem seguidos para mitigar os altos índices de Burnout no trabalho e a falta de engajamento. Destaco alguns pontos que me chamaram a atenção:
- Empresas precisam ter um propósito e motivar os colaboradores para fazer parte dele;
- O cenário da série é minimalista, mas as recompensas que os profissionais recebiam, não! Desde “Waffle and Melon Parties” até coreografias no meio do expediente, a obra mostra que o local de trabalho não precisa ser inflexível e imutável;
- “Severance” também destaca o quanto o “micro-gerenciamento” de tarefas simples é prejudicial ao colaborador e à companhia. A mensagem que a obra deixa às corporações é bem clara: é preciso ter espaço para a inovação, experimentação e criatividade!
- Quando os profissionais se sentem convidados a participar de projetos, indo além das tarefas diárias, há um engajamento e envolvimento maior com a organização, aumentando o nível de satisfação e pertencimento.
A série nos revela esses pontos de forma muito crítica e, em alguns casos, caricata. Como uma obra cinematográfica de qualidade, “Severance” abre espaço e permite liberdade para o espectador fazer a interpretação da narrativa como desejar.
Visto que as pessoas sentem aproximação com o personagem principal, ou seja, se enxergam naquela persona irreal e vivenciando situações semelhantes, podemos dizer que estamos bem próximos da ficção.
É por isso que a série realça a importância do equilíbrio entre nossa vida pessoal e profissional, um tópico que discutiremos a seguir.
A principal lição de Severance sobre vida pessoal e profisisonal
Ao retornar para casa, Marc não iria se lembrar do dia de trabalho. Amnésia total, sem estresse, ansiedade ou cansaço. No trabalho, Marc também não se lembraria da vida pessoal, longe dos problemas e alegrias da vida doméstica.
Não é por acaso que muitos espectadores se identificaram com o personagem e escolheriam participar do programa “Severance” por livre e espontânea vontade.
O debate que a série incentiva diz respeito a uma verdade que pode passar despercebida por nós:
Separar vida pessoal e profissional não é a mesma coisa que equilíbrio.
Ter a disciplina de focar no trabalho durante o expediente e reconhecer que você precisa se desligar do trabalho em momentos de lazer, são atitudes que demonstram o equilíbrio que tanto buscamos em nossas vidas.
Além disso, a nossa bagagem pessoal conta, e muito, em quem somos enquanto profissionais. Nossas vivências, pensamentos, aprendizados, experiências e emoções são fundamentais para executarmos nossas atividades diárias, especialmente na resolução de conflitos.
Fico aliviado em saber que o chip de “Severance” está longe de ser uma realidade! Se você sentiu vontade de participar do programa ao assistir à série, entenda que o equilíbrio que está buscando vai ser encontrado quando priorizar a sua saúde e bem-estar.
Não se esqueça disso.
— Por Ernesto Schlesinger
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