O que um filme dos anos 1980 tem para nos ensinar sobre mulheres no mercado?

A sensação que eu tenho é que sempre que assisto a um filme de produção com mais de 20 anos, podemos encontrar grandes mensagens que antecipam grandes mudanças de comportamentos na sociedade. Por exemplo, a atuação da mulher no mercado de trabalho.

Imagine viver num mundo em que:

  • as mulheres ganham 63% do que os homens ganham;
  • ocupavam apenas 35% das vagas no mercado bancário;
  • apenas 41% das mulheres entre 20 e 64 anos tinham emprego,
  • e dessas, apenas 29% das mulheres casadas não eram exclusivamente donas de casa.

Bom, esse mundo eram os Estados Unidos durante os anos 1980. E foi no final dessa década, em 1988, que uma pequena obra-prima do cinema veio à luz: Working Girl: Uma Secretária de Futuro. O filme, dirigido por Mike Nichols — autor de outros clássicos do cinema como Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1967), A Primeira Noite de um Homem (1967) e Jogos de Poder (2007) — é um retrato de uma época em transformação. Vemos uma época em que as mulheres lutam para vencer, lutam para ser ouvidas num mercado ostensivamente machista e que lutam até mesmo para não se devorarem umas às outras.

De Staten Island ao topo: como a secretária de futuro luta ainda hoje

No filme, vemos a história de Tess (Melanie Griffith). Tess mora em Staten Island, o mais distante, isolado e pobre dos cinco boroughs de Nova York. É tão longe que sequer há pontes conectando a ilha com Manhattan.

Mas é em Manhattan onde Tess trabalha como secretária executiva numa firma de fusões e aquisições. Jovem, competente, ambiciosa e disciplinada, Tess tem em sua superiora imediata, Katherine (Sigourney Weaver, a Ripley de Alien) alguém em quem crê que pode compartilhar ideias e ter uma mão amiga — especialmente depois da sua experiência traumática que foi o último emprego.

Quando Katherine quebra a perna num acidente de esqui, Tess tem sua grande chance. Convidada pela própria Katherine para cobrir sua vaga durante a recuperação, Tess tem uma grande ideia de fusão entre duas empresas. Na ausência de Katherine, Tess começa a atuar para fazer seu plano dar certo.

Até que Katherine volta… e começa a agir como se a ideia fosse dela! – Comportamemento nada incomun no mundo corporativo…

Não vou contar o que acontece em seguida. Mas o filme traz um retrato muito interessante — e bastante lúcido — sobre as dificuldades enfrentadas pela mulher no mercado de trabalho (e que ainda são enfrentadas!).

Por exemplo, os primeiros dez minutos do filme são dedicados a mostrar como Tess é assediada no seu primeiro emprego. Lá, ela é tratada como uma subalterna pelos colegas (que na realidade são seus horizontais). Essa primeira parte culmina com um outro episódio de assédio, quando Tess, sob o disfarce de que irá ter uma entrevista exclusiva para uma promoção, é intimidada com uma proposta indecente por um executivo.

Numa espécie de premonição perturbadora, esse executivo é interpretado por ninguém menos que Kevin Spacey (não lembra o que houve com ele? Clique aqui).

A mulher no Mercado de trabalho ainda encontra dificuldades a serem vencidas

Vale lembrar que essa realidade, onde a mulher no mercado de trabalho precisa lidar com o assédio, é uma realidade que ainda está longe de ser vencida. Aqui no Brasil:

  • 86% acreditam que agressões contra as mulheres cresceram no último ano;
  • 46% das mulheres temem ser agredidas fisicamente;
  • 51% temem sofrer preconceito na sociedade por serem mulheres;
  • Mulheres recebem 21% menos do que homem nos postos de trabalho
  • Apenas 20% dos cargos executivos são ocupados por mulheres.

(Dados da Agência Brasil e do Estado de Minas.)

Sob a perspectiva cinematográfica

Analisando do lado do cinema, Working Girl é fabuloso. Se você conhece a filmografia de seu diretor, vai se lembrar que ele era um dos mestres do humor, além de ser um fino crítico dos costumes da sociedade americana. E, nos anos 1980, havia muito para ser criticado.

O filme apresenta um verdadeiro baile do pior e do melhor que a década apresentou em moralidade e moda. Há ternos com ombreira por todo lado, cabelos cheios de topete e penteados femininos muito volumosos. Até a protagonista sofre com a moda (há uma cena em que uma personagem se dedica a mudar o senso fashion da protagonista, o que é representado quase como uma violação). Essa cena, bem como o filme todo, também serve para fazer uma crítica sutil às relações de classe.

O elenco do filme é estrelar. Melanie Griffith (de outros papéis inesquecíveis dessa mesma época, como Totalmente Selvagem, Fogueira das Vaidades e Dublê de Corpo) está no melhor papel da sua carreira. Sigourney Weaver também está esplêndida, e Harrison Ford é uma adição de luxo.

Um grande filme, e um grande retrato sobre um grande tema tão atual.

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