“The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias” não é apenas uma retrospectiva da febre dos Beanie Babies dos anos 1990 nos EUA, mas também uma profunda análise da influência feminina em bastidores dominados por homens. Através da jornada do personagem Ty Warner, o filme ilumina a toxicidade e o machismo no mercado de trabalho. Este artigo mergulha nesses temas, destacando a essencialidade das mulheres e os desafios que enfrentam em indústrias dominadas por homens.
O fenômeno dos Beanie Babies e a relação com o machismo no mercado de trabalho
Na década de 1990, os EUA testemunharam o fenômeno dos Beanie Babies, adoráveis bichinhos de pelúcia de edição limitada, que se tornaram itens colecionáveis de alto valor.
Para quem é jovem demais para lembrar dessa época, permita-me explicar…
O proprietário da empresa, Ty Warner, enriqueceu enquanto os brinquedos se transformaram em investimentos cobiçados. E, recentemente, a história chegou à Apple TV+ em “The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias”, baseado no livro “The Great Beanie Baby Bubble”, de Zac Bissonnette.
O filme, dirigido por Kristin Gore e Damien Kulash, reconta a ascensão e queda do império de Warner, centrando-se em três mulheres fundamentais na companhia.
Apesar das diferenças ficcionais, o longa explora como Robbie (Elizabeth Banks), Sheila (Sarah Snook) e Maya (Geraldine Viswanathan) foram inspiradas em Patricia Roche, Faith McGowan e Lina Trivedi, respectivamente, mulheres essenciais na história real por trás dos Beanie Babies.
Além das liberdades poéticas, a produção incorpora eventos reais, como o acidente de um caminhão cheio de Beanie Babies, que atraiu colecionadores ávidos. Esse filme abre o debate sobre o papel muitas vezes negligenciado de mulheres influentes nos bastidores do sucesso de empreendimentos aparentemente masculinos. E é justamente esse o assunto de hoje.
As mulheres
Como dito acima, o personagem Robbie Jones é inspirado em Patricia Roche, ex-namorada de Warner e sua parceira de negócios na Ty Inc. Roche ajudou Warner a lançar a empresa e desempenhou um papel fundamental ao dirigir a Ty U.K. e se tornar uma das executivas mais bem pagas do Reino Unido.
Já Maya, uma estagiária universitária que revoluciona os negócios de Warner através da internet, é baseada em Lina Trivedi, uma das primeiras funcionárias da Ty Inc. Ela teve ideias inovadoras para a marca, incluindo a criação do site e a utilização da internet para promover os Beanie Babies.
Por fim, a personagem Sheila, mãe solteira e designer de iluminação, é inspirada em Faith McGowan, outra ex-namorada de Warner. No filme, Sheila fica noiva de Warner, mas nunca se casa com o empresário. O longa mostra, inclusive, que as suas filhas são creditadas por terem a ideia de criar versões menores dos bichos de pelúcia.
Estes personagens refletem figuras reais que tiveram um papel significativo na história dos Beanie Babies e na ascensão da Ty Inc. Suas histórias mostram o impacto de mulheres influentes por trás do sucesso da empresa, dando um toque realista à trama do filme.
O machismo no mercado de trabalho
“The Beanie Bubble” aborda de maneira notável o machismo, especialmente no contexto das relações de gênero e na caracterização do personagem de Ty Warner. Nele, o diretor Damien Kulash observa que, apesar das mulheres serem as principais vítimas de dor ao longo da trama, elas também são as forças motrizes das histórias, detalhe que ele e Kristin Gore estão ansiosos para destacar. No entanto, Ty Warner permanece como o coração terrível do longa, retratado como um homem que exibe características de machismo, narcisismo tóxico e falta de empatia.
A maneira como Ty trata suas parceiras, incluindo a transformação de um pedido de casamento em um ato egocêntrico e a sugestão para sua noiva consertar o nariz antes da lua de mel, reflete uma mentalidade machista e centrada em si mesmo. A representação de Ty como uma figura narcisista e autêntica em sua crença nas palavras que profere ressalta a toxicidade do machismo e do comportamento narcisista.
Além disso, as fotos de líderes políticos e o paralelo com a cultura que celebra algumas das piores características de sociopatas, incluindo a arrogância e o sexismo de Ty, ressaltam como esses comportamentos são reforçados e até mesmo enaltecidos na sociedade. Ao desafiar a mentalidade do consumismo e do sucesso a qualquer custo, o filme sugere que essa mentalidade está profundamente enraizada na cultura e na estrutura de poder.
No geral, “The Beanie Bubble” expõe as complexidades do machismo e das relações de gênero, bem como as implicações sociais mais amplas de tais comportamentos tóxicos. Ao abordar essas questões de forma crítica, o filme contribui para uma análise mais profunda do papel do machismo em sistemas econômicos e sociais.
— Por Ernesto Schlesinger
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