Alcançar o cargo de CFO (Chief Financial Officer) de uma empresa é o sonho de muitas pessoas que ingressam no mundo corporativo. Mas, depois de chegar lá, por que alguém decidiria mudar de carreira? A mesma pergunta pode ser feita a um médico que conquista o posto de cardiologista, médico intensivista e emergencista em três grandes hospitais de São Paulo. O que leva esses profissionais a mudarem o rumo de carreiras tão bem-sucedidas?
Para a engenheira Camilla Albani, com uma trajetória profissional pautada na área financeira, o desejo de mudar de carreira veio quando ela fazia um MBA em Finanças no Insper. Em dois anos e meio de um curso bem técnico, com muitos colegas que trabalhavam no setor financeiro, a última matéria do MBA, focada em gestão de pessoas, despertou para um novo olhar em Albani.
“A disciplina falava um pouco de cultura organizacional, de gestão de pessoas, desempenho, e me vi participando da aula muito ativamente. Meus colegas até perguntaram onde eu estava nos últimos dois anos”, conta Albani que, na época, fazia o planejamento financeiro de um fundo de investimentos.
O contato com esse universo da gestão de pessoas fez surgir um desejo de trabalhar com recursos humanos. “Vi que havia uma oportunidade para mim, de agregar um olhar para o negócio, mais estratégico, ao RH”, conta.
Como se preparar para mudar de carreira
Antes de fazer a guinada profissional, no entanto, Albani decidiu tirar um período sabático. Depois disso, ao voltar, começou a procurar um emprego em recursos humanos, mas não foi fácil achar. “É difícil sem experiência na árefa”, diz. Albani acabou sendo convidada para ser CFO da startup Cosan Biomassa, do grupo Cosan. Mas na entrevista ela já avisou que tinha a intenção de migrar para o RH em algum momento. O acordo foi que ela cumprisse os desafios do novo cargo, para depois mudar de área, mas não surgiu uma oportunidade internamente, e Albani voltou a buscar uma vaga em RH no mercado.
Foi quando um ex-chefe dela, que estava na CCR, apareceu com uma oportunidade na área de recursos humanos. Era uma cadeira menor, e seria preciso dar um passo atrás. Albani topou. “Consegui fazer a migração porque tinha uma pessoa que me conhecia, que confiava no meu trabalho, e me deu essa oportunidade de migrar. Isso fez toda a diferença”, conta.
Para ela, fazer a migração de carreira requer alguns pontos:
- Estudar e preparar-se com conhecimentos para a nova área;
- Movimentar sua rede de contatos, avisando da sua intenção de mudar de área;
- Estar disposto a dar um passo atrás na hierarquia corporativa;
- Preparar-se financeiramente, já que o salário poderá diminuir.
Na CCR, Albani ocupou a posição de superintendente de recursos humanos, em 2019. Ficou lá por dois anos e meio, e depois foi para a ComBio Energia como gerente executiva de gente e gestão. Desde junho é diretora da área na empresa.
“Quando você migra, depois que você consegue, tem muito julgamento, das pessoas duvidando do seu potencial”, diz Albani. A recomendação dela é “ser meio surda para essas pessoas e apurar seu ouvido para as pessoas que estão acreditando em você, e se aperfeiçoar”. “Estou no RH desde junho de 2019, há quatro anos, e ainda aparecem temas que desconheço e vou estudar. Não tenho problema de falar que não sei. Profissional competente vai atrás.”
Como trabalhar em uma startup
Médico cardiologista, Thiago Liguori deixou a área assistencial, o atendimento direto aos pacientes, para mudar de carreira e atuar com gestão no setor da saúde. Desde março de 2020 ele é Chief Medical Officer da Pipo Saúde. A mudança aconteceu de forma gradual, desde 2016, e foi intencional. “O que me atraiu nesse novo tipo de carreira foi a autonomia de criar projetos e conseguir impactar a saúde das pessoas na ponta com ferramentas e tecnologia”, conta. “Achei que assim poderia causar mais impacto na vida dos pacientes.”
Para conseguir fazer a migração, Liguori começou a se aproximar do ecossistema das startups. Passou a frequentar hubs de inovação e fazer projetos como freelancer ajudando as startups da área da saúde com seu conhecimento. “Isso foi abrindo portas com o passar do tempo”, diz.
Outro aspecto importante que possibilitou a mudança de carreira foi uma formação executiva na Universidade de Stanford, focada em inovação e empreendedorismo. No curso, ele conheceu pessoas, inclusive a fundadora da Pipo Saúde, Manoela Mitchell, que o convidou para entrar no time. “Foi muita perseverança de ir atrás desse mercado, e no começo eu estava muito aberto para aprender, ajudar startups sem custo algum, dando insights sobre a saúde assistencial, o que eu via que funcionava e não funcionava”, conclui.
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